A mão duplicada no espelho servia como apoio para um mal-estar que se instalara pelo seu corpo. Os olhos fitando os próprios olhares eram ganchos que não deixavam sua atenta observação ir de encontro ao chão. A estranheza da imagem à sua frente era similar ao tremor que domava suas pernas, a garganta fechada e os músculos contraídos.
Em um abrupto suspiro, a outra mão corre para o espelho na intenção de não deixar o corpo desfalecer – corpo esse que trava uma briga consigo mesmo. Consigo, com a mente e algo a mais incompreensível. A respiração vai e volta com dificuldade, parece uma manada de ar que precisa enfrentar órgãos na intenção de trafegar.
Os fios de cabelo embaraçados, o franzir da testa que acumula pele em demasia, as pupilas rodeadas por intrusas manchas descoloridas, as bochechas por outrora mais joviais, os lábios rachados com camadas de vermelhidão da carne viva, as pernas que já não combinam com o tronco, a barriga que ali não devia estar, as unhas que encontravam o espelho antes da ponta dos dedos, o suor nada familiar que grudava a roupa em sua agora nada companheira pele, estranha, invasiva, o casulo de uma alma desolada em desejo para desabitar o que quer que seja onde está a habitar.
Um novo dia em uma vida específica. Aquele corpo viu demais para não mudar o que foi visto.
A mão duplicada no espelho servia como apoio para um mal-estar que se instalara pelo seu corpo. Os olhos fitando os próprios olhares eram ganchos que não deixavam sua atenta observação ir de encontro ao chão. A estranheza da imagem à sua frente era similar ao tremor que domava suas pernas, a garganta fechada e os músculos contraídos.
Em um abrupto suspiro, a outra mão corre para o espelho na intenção de não deixar o corpo desfalecer – corpo esse que trava uma briga consigo mesmo. Consigo, com a mente e algo a mais incompreensível. A respiração vai e volta com dificuldade, parece uma manada de ar que precisa enfrentar órgãos na intenção de trafegar.
Os fios de cabelo embaraçados, o franzir da testa que acumula pele em demasia, as pupilas rodeadas por intrusas manchas descoloridas, as bochechas por outrora mais joviais, os lábios rachados com camadas de vermelhidão da carne viva, as pernas que já não combinam com o tronco, a barriga que ali não devia estar, as unhas que encontravam o espelho antes da ponta dos dedos, o suor nada familiar que grudava a roupa em sua agora nada companheira pele, estranha, invasiva, o casulo de uma alma desolada em desejo para desabitar o que quer que seja onde está a habitar.
Um novo dia em uma vida específica. Aquele corpo viu demais para não mudar o que foi visto.