O pequeno estava ali, apavorado, sentado no chão e abraçado aos joelhos. Aguardava na sala escura, na sala escura onde o homem mandou ele aguardar. Esse homem enorme, de voz mansa, que vestia esvoaçante roupa branca com um troço roxo enforcado em seu pescoço. Sua voz ia a todos que compareciam àquele enorme lugar com cadeiras de madeira, igual banco de praça, só que maior. Uma voz serena, calma, daquelas que dificilmente alguém consegue negar quando algo é pedido.
Acuado no canto da sala, o pequeno ensaiava um choro desesperado. Não havia para onde olhar, a escuridão lhe tampava os olhos. Tampouco chamaria pelos pais, pois não saberia como fazê-lo, órfão como é. Lhe restava pedir ao vento.
Não pedir pela sua alma – o pequeno não sabia ao certo o que isso significava. Se pedia, o fazia porque assim lhe foi ensinado: está com medo? Reza! Junte as mãozinhas e profere os versos que já conhece, na mesma cadência familiar de todos aqueles que iam ouvir a voz do homem – e que, juntos, também pediam as mesmas palavras.
Atrás da porta, o pequeno ouve passos firmes. Ele abraça ainda seus joelhos mais forte. O que diabos está acontecendo? Ele não sabe, mas sente, como um animal jogado em uma jaula para mais tarde ser devorado. Nada precisa ser dito ao pequeno, pois ali, naquela sala, no breu criado pelas janelas que interrompem a tarde, tudo era muito diferente de quando ele ia jogar bolinha de gude, almoçar no quarto do homem ou mesmo dormir na mesma cama que ele.
Veja bem, o pequeno e o homem são grandes amigos, segundo pensa o homem. Se almoçam no mesmo quarto, longe dos demais, é porque sempre há sobremesa apenas para os dois – principalmente para o pequeno. Quando dividiam a mesma cama, isso se dava por medos de monstros que o homem tinha. O pequeno entendia esse medo, ele mesmo, às vezes, também não conseguia dormir. Principalmente na noite seguinte da companhia do homem – provavelmente, o monstro alojou-se ao seu redor.
O pequeno estava ali, apavorado, sentado no chão e abraçado aos joelhos. Aguardava na sala escura, na sala escura onde o homem mandou ele aguardar. Esse homem enorme, de voz mansa, que vestia esvoaçante roupa branca com um troço roxo enforcado em seu pescoço. Sua voz ia a todos que compareciam àquele enorme lugar com cadeiras de madeira, igual banco de praça, só que maior. Uma voz serena, calma, daquelas que dificilmente alguém consegue negar quando algo é pedido.
Acuado no canto da sala, o pequeno ensaiava um choro desesperado. Não havia para onde olhar, a escuridão lhe tampava os olhos. Tampouco chamaria pelos pais, pois não saberia como fazê-lo, órfão como é. Lhe restava pedir ao vento.
Não pedir pela sua alma – o pequeno não sabia ao certo o que isso significava. Se pedia, o fazia porque assim lhe foi ensinado: está com medo? Reza! Junte as mãozinhas e profere os versos que já conhece, na mesma cadência familiar de todos aqueles que iam ouvir a voz do homem – e que, juntos, também pediam as mesmas palavras.
Atrás da porta, o pequeno ouve passos firmes. Ele abraça ainda seus joelhos mais forte. O que diabos está acontecendo? Ele não sabe, mas sente, como um animal jogado em uma jaula para mais tarde ser devorado. Nada precisa ser dito ao pequeno, pois ali, naquela sala, no breu criado pelas janelas que interrompem a tarde, tudo era muito diferente de quando ele ia jogar bolinha de gude, almoçar no quarto do homem ou mesmo dormir na mesma cama que ele.
Veja bem, o pequeno e o homem são grandes amigos, segundo pensa o homem. Se almoçam no mesmo quarto, longe dos demais, é porque sempre há sobremesa apenas para os dois – principalmente para o pequeno. Quando dividiam a mesma cama, isso se dava por medos de monstros que o homem tinha. O pequeno entendia esse medo, ele mesmo, às vezes, também não conseguia dormir. Principalmente na noite seguinte da companhia do homem – provavelmente, o monstro alojou-se ao seu redor.