Meu batalhão estava entrincheirado na planície de Ypres, na fronteira entre a Bélgica e a França. Eram quase cinco horas da tarde quando percebemos uma estranha movimentação na frente de batalha alemã: uma tropa especial tomava a dianteira, um pequeno batalhão com no máximo uns 40 homens, trajando uniforme militar e estranhas máscaras. Notamos que eles não portavam nenhuma arma e estavam lá parados, apenas observando, enquanto outros soldados arrastavam dezenas de enormes cilindros, colocando-os em fileiras.
Como não recebemos nenhuma ordem para atacar, simplesmente ficamos ali, sem sequer imaginar o horror que estávamos prestes a testemunhar.
De repente, o vento começou a mudar de direção, soprando para o nosso lado, e foi então que o inferno começou: os alemães abriram as válvulas dos cilindros e uma nuvem amarelada voou para as nossas trincheiras… Conforme a fumaça amarelada nos envolvia, o pânico e o horror se instalaram… Alguns correram, apavorados e tombaram atingidos pela artilharia inimiga, outros ficaram parados, sem saber o que fazer, enquanto o gás venenoso (Gás Cloro) os queimava por dentro e por fora, matando-os da forma mais cruel.
Na confusão, eu me arrastava desorientado e via meus companheiros gritando que estavam cegos e alguns apertavam a garganta com as mãos, enquanto sufocavam até a morte… Eles sangravam pelo nariz, boca e olhos…
Sem saber o que fazer, continuei me arrastando… Minha cabeça doía tanto que parecia que ia explodir, eu mal conseguia enxergar e meus pulmões ardiam… Mas continuei seguindo, escorregando nos ratos que também tentavam fugir. Fui agarrado várias vezes por meus companheiros em desespero, quase afundados na lama, e tive que me desvencilhar com chutes, eu só queria sair daquele inferno… Até que finalmente cheguei à borda da trincheira e com muito esforço, lancei meu corpo para fora… A última coisa da qual me lembro antes de perder os sentidos é de pedir a Deus que um tiro me acertasse e pusesse fim àquela agonia!
Três dias depois, acordei no hospital da Cruz Vermelha em Trois Quartiers, na França; meus olhos estavam cobertos com ataduras e eu não conseguia me mexer… Só podia ouvir tosses, gritos e gemidos. Temendo estar cego ou mutilado, gritei o mais alto que pude, apesar da dor na garganta e
Meu batalhão estava entrincheirado na planície de Ypres, na fronteira entre a Bélgica e a França. Eram quase cinco horas da tarde quando percebemos uma estranha movimentação na frente de batalha alemã: uma tropa especial tomava a dianteira, um pequeno batalhão com no máximo uns 40 homens, trajando uniforme militar e estranhas máscaras. Notamos que eles não portavam nenhuma arma e estavam lá parados, apenas observando, enquanto outros soldados arrastavam dezenas de enormes cilindros, colocando-os em fileiras.
Como não recebemos nenhuma ordem para atacar, simplesmente ficamos ali, sem sequer imaginar o horror que estávamos prestes a testemunhar.
De repente, o vento começou a mudar de direção, soprando para o nosso lado, e foi então que o inferno começou: os alemães abriram as válvulas dos cilindros e uma nuvem amarelada voou para as nossas trincheiras… Conforme a fumaça amarelada nos envolvia, o pânico e o horror se instalaram… Alguns correram, apavorados e tombaram atingidos pela artilharia inimiga, outros ficaram parados, sem saber o que fazer, enquanto o gás venenoso (Gás Cloro) os queimava por dentro e por fora, matando-os da forma mais cruel.
Na confusão, eu me arrastava desorientado e via meus companheiros gritando que estavam cegos e alguns apertavam a garganta com as mãos, enquanto sufocavam até a morte… Eles sangravam pelo nariz, boca e olhos…
Sem saber o que fazer, continuei me arrastando… Minha cabeça doía tanto que parecia que ia explodir, eu mal conseguia enxergar e meus pulmões ardiam… Mas continuei seguindo, escorregando nos ratos que também tentavam fugir. Fui agarrado várias vezes por meus companheiros em desespero, quase afundados na lama, e tive que me desvencilhar com chutes, eu só queria sair daquele inferno… Até que finalmente cheguei à borda da trincheira e com muito esforço, lancei meu corpo para fora… A última coisa da qual me lembro antes de perder os sentidos é de pedir a Deus que um tiro me acertasse e pusesse fim àquela agonia!
Três dias depois, acordei no hospital da Cruz Vermelha em Trois Quartiers, na França; meus olhos estavam cobertos com ataduras e eu não conseguia me mexer… Só podia ouvir tosses, gritos e gemidos. Temendo estar cego ou mutilado, gritei o mais alto que pude, apesar da dor na garganta e