Não conseguia abrir os olhos, mas pôde sentir o perfume das flores, o calor das velas e a falsidade em cada um que tentava lhe mostrar pesar. Primeiro, encolerizou-se, depois achou divertido. Alívio. Pelo menos o seu sarcasmo continuava intacto. Pensou que talvez merecesse o escárnio e indiferença, nunca fora boa pessoa. “Malditos abutres!” era o que martelava em sua cabeça. Sabia que mal colocariam o pé para fora do recinto e já estariam a imaginar como se refestelar com o seu dinheiro, uma riqueza que levou uma vida inteira para ser acumulada. É bem verdade que não fora de maneira totalmente honesta, ali tinha muita dor, sangue e suor de outras pessoas, dinheiro amaldiçoado, tanto que recebera a alcunha de Conde Maldito.
Histórias horríveis rondavam o casarão e toda a família Cadwallader. Homens e mulheres gananciosos que perseguiam sem piedade os seus inimigos. Contudo, o Conde Maldito talvez fosse o pior dos Cadwallader. Torturava com requintes de crueldade os seus desafetos ou quem se colocasse em seu caminho, antes de matá-los, tratava seus servos em condições análogas à escravidão e por muitas vezes deflorava as filhas destes.
O dinheiro sempre pode comprar o que ele quisesse, só não serviu para enganar a morte. Dama indelével que visita a todos sem exceção, inclusive um Cadwallader. Quando a ceifadora de vidas teve seu fatídico encontro com Owen Cadwallader, ele estava dentro de Eleanor num bordel freqüentado apenas por nobres e homens ricos. Uma morte condizente com a vida que levara, cheia de luxúria e prazer.
Já o pós-morte não tinha nada de glorioso. Nunca mais sentiria o corpo macio, quente e jovem de Eleanor. Quando abriu os olhos pela segunda vez, depois de morrer, o velho Owen estava em meio às trevas, na sua morada eterna. Tudo o que sentia agora eram os vermes passeando por seu corpo e se alimentando de sua carne.
Sua alma fora amaldiçoada por todos aqueles que um dia fizera sofrer, o termo Maldito nunca lhe coubera tão bem. Era assombrado pelos que já haviam partido, e seu túmulo era frequentemente violado pelos vivos que acreditavam que havia joias enterradas com ele. Mal sabiam estes desavisados que os parentes lhe arrancaram todos os pertences valiosos e a sua dignidade antes do sepultamento.
Mas o maior golpe que sofrera fora quando os vermes consumiram o seu falo. Sabia que jamais voltaria a usá-lo, mesmo assim sentia-se um eunuco sem o membro.
Mais rápida ainda foi exaurida sua fortuna. Como Owen não tinha filhos, suas posses ficaram todas com seus sobrinhos, que perderam tudo em tavernas e bordéis.
Logo o nome Cadwallader deixou de provocar medo, tornando-se motivo de pilhéria e a história encarregou-se de apagar o nome do Conde Maldito.
Assim como sua história, seus ossos viraram pó. E o mundo não lembra mais que por esta terra passou um filho sórdido chamado Owen Cadwallader.
Não conseguia abrir os olhos, mas pôde sentir o perfume das flores, o calor das velas e a falsidade em cada um que tentava lhe mostrar pesar. Primeiro, encolerizou-se, depois achou divertido. Alívio. Pelo menos o seu sarcasmo continuava intacto. Pensou que talvez merecesse o escárnio e indiferença, nunca fora boa pessoa. “Malditos abutres!” era o que martelava em sua cabeça. Sabia que mal colocariam o pé para fora do recinto e já estariam a imaginar como se refestelar com o seu dinheiro, uma riqueza que levou uma vida inteira para ser acumulada. É bem verdade que não fora de maneira totalmente honesta, ali tinha muita dor, sangue e suor de outras pessoas, dinheiro amaldiçoado, tanto que recebera a alcunha de Conde Maldito.
Histórias horríveis rondavam o casarão e toda a família Cadwallader. Homens e mulheres gananciosos que perseguiam sem piedade os seus inimigos. Contudo, o Conde Maldito talvez fosse o pior dos Cadwallader. Torturava com requintes de crueldade os seus desafetos ou quem se colocasse em seu caminho, antes de matá-los, tratava seus servos em condições análogas à escravidão e por muitas vezes deflorava as filhas destes.
O dinheiro sempre pode comprar o que ele quisesse, só não serviu para enganar a morte. Dama indelével que visita a todos sem exceção, inclusive um Cadwallader. Quando a ceifadora de vidas teve seu fatídico encontro com Owen Cadwallader, ele estava dentro de Eleanor num bordel freqüentado apenas por nobres e homens ricos. Uma morte condizente com a vida que levara, cheia de luxúria e prazer.
Já o pós-morte não tinha nada de glorioso. Nunca mais sentiria o corpo macio, quente e jovem de Eleanor. Quando abriu os olhos pela segunda vez, depois de morrer, o velho Owen estava em meio às trevas, na sua morada eterna. Tudo o que sentia agora eram os vermes passeando por seu corpo e se alimentando de sua carne.
Sua alma fora amaldiçoada por todos aqueles que um dia fizera sofrer, o termo Maldito nunca lhe coubera tão bem. Era assombrado pelos que já haviam partido, e seu túmulo era frequentemente violado pelos vivos que acreditavam que havia joias enterradas com ele. Mal sabiam estes desavisados que os parentes lhe arrancaram todos os pertences valiosos e a sua dignidade antes do sepultamento.
Mas o maior golpe que sofrera fora quando os vermes consumiram o seu falo. Sabia que jamais voltaria a usá-lo, mesmo assim sentia-se um eunuco sem o membro.
Mais rápida ainda foi exaurida sua fortuna. Como Owen não tinha filhos, suas posses ficaram todas com seus sobrinhos, que perderam tudo em tavernas e bordéis.
Logo o nome Cadwallader deixou de provocar medo, tornando-se motivo de pilhéria e a história encarregou-se de apagar o nome do Conde Maldito.
Assim como sua história, seus ossos viraram pó. E o mundo não lembra mais que por esta terra passou um filho sórdido chamado Owen Cadwallader.