Tentei lembrar de quem me manda mensagem de bom dia. Meu pai, certamente, no grupo da família, mas a essa hora já devia estar cheio de papos nada a ver, e não queria expor. Abri o de um amigo, que sempre manda de zoeira. Os olhos do assaltante estavam vidrados no celular. Quando abri a conversa com o amigo, memes do Fabio Assunção dizendo que hoje era sexta-feira, fizeram o maluco cuspir minha tela, já fodida.
– Hahahaha. Poorra! Hoje é dia de pó legal, né? Caralho, tu usa essa porra mermo, mané! Hahahaha puta que pariu…
Ele distanciou-se um pouco, rindo. Voltou pra perto de mim.
– Guarda essa porra, guarda essa porra… Aí, playboy, vou te falar duas paradas…
Eu já estava meio rindo, aquele riso meio nervoso, mas rindo. Falei mais para quebrar o monólogo dele, pra fingir que estava interagindo.
– Coé, cara…
Ele continuou.
– Uma, que se eu tô com uma arma aqui, você morria…
E tirou finalmente a mão que estava sempre na cintura, e mostrou uma latinha de Antarctica de 269ml, toda amassada. Essa era a arma dele.
– E a outra… é que se eu tivesse metido uns celulares hoje, eu ia te dar um. Puta que pariu, tu é muito escroto andando com essa porra…
Ele se afastou definitivamente, rindo pra caralho, e eu segui meu caminho para a reunião.
Cheguei atrasado, mas contei o ocorrido e ninguém lembrou mais do atraso.
O Rio de Janeiro me surpreende a cada dia.
Tentei lembrar de quem me manda mensagem de bom dia. Meu pai, certamente, no grupo da família, mas a essa hora já devia estar cheio de papos nada a ver, e não queria expor. Abri o de um amigo, que sempre manda de zoeira. Os olhos do assaltante estavam vidrados no celular. Quando abri a conversa com o amigo, memes do Fabio Assunção dizendo que hoje era sexta-feira, fizeram o maluco cuspir minha tela, já fodida.
– Hahahaha. Poorra! Hoje é dia de pó legal, né? Caralho, tu usa essa porra mermo, mané! Hahahaha puta que pariu…
Ele distanciou-se um pouco, rindo. Voltou pra perto de mim.
– Guarda essa porra, guarda essa porra… Aí, playboy, vou te falar duas paradas…
Eu já estava meio rindo, aquele riso meio nervoso, mas rindo. Falei mais para quebrar o monólogo dele, pra fingir que estava interagindo.
– Coé, cara…
Ele continuou.
– Uma, que se eu tô com uma arma aqui, você morria…
E tirou finalmente a mão que estava sempre na cintura, e mostrou uma latinha de Antarctica de 269ml, toda amassada. Essa era a arma dele.
– E a outra… é que se eu tivesse metido uns celulares hoje, eu ia te dar um. Puta que pariu, tu é muito escroto andando com essa porra…
Ele se afastou definitivamente, rindo pra caralho, e eu segui meu caminho para a reunião.
Cheguei atrasado, mas contei o ocorrido e ninguém lembrou mais do atraso.
O Rio de Janeiro me surpreende a cada dia.