Deu dois passos para trás, queria sair dali o mais rápido possível, porém, fez isso com muita cautela, pois temia que o estuprador de vacas a perseguisse. Contudo, o homem apenas gargalhou debilmente e saiu correndo em direção à plantação, ainda com as calças arriadas.
— Francis não faz mal a ninguém, não se preocupe — disse uma voz misteriosa atrás de si.
O sangue da jovem congelou. Entretanto, ao se virar, deparou-se com uma senhora de cabelos grisalhos, óculos redondos e um avental de cozinha, com um belo sorriso no rosto, típico das vovozinhas simpáticas. Isso fez com que seu coração se acalmasse.
— Não tenha medo, criança. Francis é assim desde que caiu num poço seco quando pequeno. Ninguém precisa ter medo dele, apenas vacas, cabras ou mulas… — disse com um sorriso irônico; depois, emendou: — Ah, às vezes, uma galinha ou outra também.
Laura abriu a boca para falar alguma coisa, mas nada saiu. Não sabia o que dizer e muito menos como agir, então, decidiu voltar para a estrada com a intenção de conseguir uma carona.
— Você está toda molhada — a senhora falou sem nem mesmo dar tempo para Laura responder, segurando-a pelo braço e arrastando-a à direção do antigo casarão. — Vamos até a minha casa e lá arrumaremos umas roupas secas para você vestir, daí você pode usar o banheiro para se limpar também.
(J. L. Silva)
_____________
Interlúdio Poético
Mãos flácidas contornavam seu pulso
Era como sentir o toque da morte
Menina errante jogada à própria sorte
Maldita hora aquela na qual ganhou o mundo
“Laura, corra por sua vida”, a voz dizia.
Aqueles olhos senis dissecavam a alma
Seria a anciã um anjo salvador?
Ou um demônio
Talvez um carrasco levando a cativa ao suplício
“Laura, está perdida”, a voz dizia.
Aquele casarão seria sua última morada
Ela podia sentir que dali nada de bom viria
Naquele jardim malcuidado a cova de seu ataúde seria.
Rezar de nada adiantaria
“Laura, nenhum pecado ficará impune”, a voz dizia.
Deu dois passos para trás, queria sair dali o mais rápido possível, porém, fez isso com muita cautela, pois temia que o estuprador de vacas a perseguisse. Contudo, o homem apenas gargalhou debilmente e saiu correndo em direção à plantação, ainda com as calças arriadas.
— Francis não faz mal a ninguém, não se preocupe — disse uma voz misteriosa atrás de si.
O sangue da jovem congelou. Entretanto, ao se virar, deparou-se com uma senhora de cabelos grisalhos, óculos redondos e um avental de cozinha, com um belo sorriso no rosto, típico das vovozinhas simpáticas. Isso fez com que seu coração se acalmasse.
— Não tenha medo, criança. Francis é assim desde que caiu num poço seco quando pequeno. Ninguém precisa ter medo dele, apenas vacas, cabras ou mulas… — disse com um sorriso irônico; depois, emendou: — Ah, às vezes, uma galinha ou outra também.
Laura abriu a boca para falar alguma coisa, mas nada saiu. Não sabia o que dizer e muito menos como agir, então, decidiu voltar para a estrada com a intenção de conseguir uma carona.
— Você está toda molhada — a senhora falou sem nem mesmo dar tempo para Laura responder, segurando-a pelo braço e arrastando-a à direção do antigo casarão. — Vamos até a minha casa e lá arrumaremos umas roupas secas para você vestir, daí você pode usar o banheiro para se limpar também.
(J. L. Silva)
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Interlúdio Poético
Mãos flácidas contornavam seu pulso
Era como sentir o toque da morte
Menina errante jogada à própria sorte
Maldita hora aquela na qual ganhou o mundo
“Laura, corra por sua vida”, a voz dizia.
Aqueles olhos senis dissecavam a alma
Seria a anciã um anjo salvador?
Ou um demônio
Talvez um carrasco levando a cativa ao suplício
“Laura, está perdida”, a voz dizia.
Aquele casarão seria sua última morada
Ela podia sentir que dali nada de bom viria
Naquele jardim malcuidado a cova de seu ataúde seria.
Rezar de nada adiantaria
“Laura, nenhum pecado ficará impune”, a voz dizia.