É quarta-feira, vinte e três horas.
A noite estava densa, como se mergulhássemos a existência em um galão de óleo. Garoava verde limão cintilante devido aos últimos vazamentos de gás há 4 meses, e o ar manteve-se abafado, fazendo da noite a real anfitriã da vida. Um mergulho cego de cima de uma ponte em um poço profundo de um rio de estalagmites cortantes. Ou seja… de qualquer forma, você morre.
Bebo minha quarta cerveja em meia hora e já estou calado de bêbado. Meu corpo, empiricamente condenado à suscetibilidade ao álcool, se escora no balcão com os olhos vidrados, de canto na tela da televisão do bar. E eu expecto de fora, pensando em quão bom seria se minha culpa não me flagelasse caso desse as costas a esse estágio barato de limitação.
Pessoas dependem de mim. É por isso que hoje à tarde deixei meus dedos da mão esquerda na fresadora que eu até então operava. Antes ide ir para o trabalho, eu toquei a sequência torpe de “Echoes” do Pink Floyd.
Tocar era algo que me gerava alegria na vida terrena. Bem, talvez eu desenvolva algum controle e habilidade em relação à audição, para contentar-me ao menos com o escutar.
-Mais uma cerveja Satumé. Quanto é mesmo? Ah, já paguei? Beleza então.
Não ouço falas humanas há uns 2 anos. Da para entender toda a mensagem pelo olhar, feição e leitura labial.
As pessoas podem ser fartas em energia e genuínas em seus esoterismos, mas de onde as observo, séssil na podridão, até as estrelas parecem iguais.
O meu despertar havia sido mórbido, mas daquela morbidez gerada pelo hiato intelectual, fenômeno que procedeu de um sonho duvidoso.
No sonho em questão, preparava-me para dormir num quarto de hotel, que nutria pendurado na parede de fronte à cama,um crucifixo de metal com a imagem de Cristo esculpida. Eu zombei da imagem e amaldiçoei sua futura presença em meu despertar.
Eis que, ao notar os primeiros raios de sol em meu rosto, abro lentamente os olhos e em meu campo de visão não havia o crucifixo, mas uma criança agachada no extremo do colchão. Coberta de um lodo marrom e seco, olhos brancos, rosto levemente curvado para a direita, cabelos negros médios desgrenhados e um sorriso coberto de sangue.
É quarta-feira, vinte e três horas.
A noite estava densa, como se mergulhássemos a existência em um galão de óleo. Garoava verde limão cintilante devido aos últimos vazamentos de gás há 4 meses, e o ar manteve-se abafado, fazendo da noite a real anfitriã da vida. Um mergulho cego de cima de uma ponte em um poço profundo de um rio de estalagmites cortantes. Ou seja… de qualquer forma, você morre.
Bebo minha quarta cerveja em meia hora e já estou calado de bêbado. Meu corpo, empiricamente condenado à suscetibilidade ao álcool, se escora no balcão com os olhos vidrados, de canto na tela da televisão do bar. E eu expecto de fora, pensando em quão bom seria se minha culpa não me flagelasse caso desse as costas a esse estágio barato de limitação.
Pessoas dependem de mim. É por isso que hoje à tarde deixei meus dedos da mão esquerda na fresadora que eu até então operava. Antes ide ir para o trabalho, eu toquei a sequência torpe de “Echoes” do Pink Floyd.
Tocar era algo que me gerava alegria na vida terrena. Bem, talvez eu desenvolva algum controle e habilidade em relação à audição, para contentar-me ao menos com o escutar.
-Mais uma cerveja Satumé. Quanto é mesmo? Ah, já paguei? Beleza então.
Não ouço falas humanas há uns 2 anos. Da para entender toda a mensagem pelo olhar, feição e leitura labial.
As pessoas podem ser fartas em energia e genuínas em seus esoterismos, mas de onde as observo, séssil na podridão, até as estrelas parecem iguais.
O meu despertar havia sido mórbido, mas daquela morbidez gerada pelo hiato intelectual, fenômeno que procedeu de um sonho duvidoso.
No sonho em questão, preparava-me para dormir num quarto de hotel, que nutria pendurado na parede de fronte à cama,um crucifixo de metal com a imagem de Cristo esculpida. Eu zombei da imagem e amaldiçoei sua futura presença em meu despertar.
Eis que, ao notar os primeiros raios de sol em meu rosto, abro lentamente os olhos e em meu campo de visão não havia o crucifixo, mas uma criança agachada no extremo do colchão. Coberta de um lodo marrom e seco, olhos brancos, rosto levemente curvado para a direita, cabelos negros médios desgrenhados e um sorriso coberto de sangue.