I
Adão não se cabia em alegria. Estava com um largo sorriso no rosto, com os olhos brilhando, que lhe conferiam um ar de completo bobo-alegre. O motivo de tamanha felicidade: sua esposa Eva estava em trabalho de parto. Em meio a devaneios em que se via brincando com o rebento, Adão ajudou sua esposa, que tentava controlar as contrações. Ele abraçou-a com muito cuidado e ajudou-a a sair porta afora, em busca da condução para irem ao hospital. O casal sabia que deveria ter se organizado quanto ao transporte, pois moravam naquela pequena vila, a 10 quilômetros da cidade, mas não imaginavam que o trabalho de parto começaria na madrugada.
Enquanto Eva bufafa, respirando forte, Adão correu gritando eufórico até a janela de seu sogro, o vizinho e motorista que ele ansiava por acordar. Enquanto chamava pelo sogro, o futuro pai lembrava que nunca quis aprender a dirigir porque não gostava dos automóveis. “Essas caixas de poluição ambulante”, era o que costumava dizer, sempre que Eva lhe indagava sobre o assunto. Eva até poderia dirigir, se não fosse pelas fortes contrações que lhe causavam dor, irritação e diminuíam seu bom humor a quase zero.
Seu sogro, um simpático baixinho cabeludo — com uma vasta calvície que rivalizava, de maneira bizarra, com os longos fios de cabelo quando visto de costas — apareceu na janela, já perguntando, também com semblante de bobo-alegre, se o grande momento havia chegado.
O velho careca-cabeludo retirou da garagem seu fusca cheio de caveiras adesivadas no capô e nas laterais. Com muito cuidado, Adão ajudou Eva a entrar no bonitinho fusquinha endiabrado.
Eram 2h10 daquela madrugada de 11 de março de 2011, quando o fusca partiu em disparada. Adão segurava forte a mão de sua amada, olhando-a com ternura nos olhos. Finalmente, seu tão esperado primeiro filho iria nascer. Ter um filho era um sonho se realizando para ele, que sempre se imaginava ensinando, com carinho e amor, uma criaturinha que seria a continuidade de seu sangue, de seu nome.
Estavam todos mais tranquilos. Até Eva já respirava com mais calma. Assim que chegaram à fechada curva onde havia uma bifurcação com atalho para a cidade, Adão sacou seu celular. Naquele ponto já havia sinal de uma operadora. Assim, Adão ligou para o hospital, anunciando que, em poucos minutos, iria chegar com sua esposa em trabalho de parto.
O fusca estacionou na porta da recepção do hospital, onde duas enfermeiras já esperavam com uma cadeira de rodas, para que Eva não precisasse fazer mais nenhum esforço desnecessário.
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Adão não se cabia em alegria. Estava com um largo sorriso no rosto, com os olhos brilhando, que lhe conferiam um ar de completo bobo-alegre. O motivo de tamanha felicidade: sua esposa Eva estava em trabalho de parto. Em meio a devaneios em que se via brincando com o rebento, Adão ajudou sua esposa, que tentava controlar as contrações. Ele abraçou-a com muito cuidado e ajudou-a a sair porta afora, em busca da condução para irem ao hospital. O casal sabia que deveria ter se organizado quanto ao transporte, pois moravam naquela pequena vila, a 10 quilômetros da cidade, mas não imaginavam que o trabalho de parto começaria na madrugada.
Enquanto Eva bufafa, respirando forte, Adão correu gritando eufórico até a janela de seu sogro, o vizinho e motorista que ele ansiava por acordar. Enquanto chamava pelo sogro, o futuro pai lembrava que nunca quis aprender a dirigir porque não gostava dos automóveis. “Essas caixas de poluição ambulante”, era o que costumava dizer, sempre que Eva lhe indagava sobre o assunto. Eva até poderia dirigir, se não fosse pelas fortes contrações que lhe causavam dor, irritação e diminuíam seu bom humor a quase zero.
Seu sogro, um simpático baixinho cabeludo — com uma vasta calvície que rivalizava, de maneira bizarra, com os longos fios de cabelo quando visto de costas — apareceu na janela, já perguntando, também com semblante de bobo-alegre, se o grande momento havia chegado.
O velho careca-cabeludo retirou da garagem seu fusca cheio de caveiras adesivadas no capô e nas laterais. Com muito cuidado, Adão ajudou Eva a entrar no bonitinho fusquinha endiabrado.
Eram 2h10 daquela madrugada de 11 de março de 2011, quando o fusca partiu em disparada. Adão segurava forte a mão de sua amada, olhando-a com ternura nos olhos. Finalmente, seu tão esperado primeiro filho iria nascer. Ter um filho era um sonho se realizando para ele, que sempre se imaginava ensinando, com carinho e amor, uma criaturinha que seria a continuidade de seu sangue, de seu nome.
Estavam todos mais tranquilos. Até Eva já respirava com mais calma. Assim que chegaram à fechada curva onde havia uma bifurcação com atalho para a cidade, Adão sacou seu celular. Naquele ponto já havia sinal de uma operadora. Assim, Adão ligou para o hospital, anunciando que, em poucos minutos, iria chegar com sua esposa em trabalho de parto.
O fusca estacionou na porta da recepção do hospital, onde duas enfermeiras já esperavam com uma cadeira de rodas, para que Eva não precisasse fazer mais nenhum esforço desnecessário.