Deve ter sido alguém importante em vida, talvez um podre de rico. Mas ali, naquele derradeiro dia, naquela garagem-túmulo, era só podre.
Apesar da podridão, o corpo cambaleante não apresentava nenhum sinal de violência ou de ter sofrido qualquer agressão. E embora fosse impossível ter noção precisa de sua idade, não aparentava ser muito velho. De que teria morrido então? Ataque cardíaco? Câncer? Teria mesmo morrido? Sim, claro que morrera. Não poderia apresentar aqueles sinais de putrefação estando vivo. Não podia estar vivo, mas se mexia.
Ainda esticava o braço em minha direção quando Hygor o afastou violentamente com uma pá. Lentamente, recuou, assustado.
– Viu que criatura asquerosa? Está ansiosa por nos atacar e devorar.
Finalmente consegui gaguejar algumas palavras, ainda espantado:
– Hygor, é melhor chamarmos a policia.
– Que mané policia, o próprio governo deve ter criado esses monstros para matar moradores de rua, marginais e desavisados.
Chuta uma lata vazia que acerta a perna do morto-vivo, que se contorce, não sei se por dor ou medo.
– Aberração nojenta – ainda completa, soltando uma cusparada sobre o animal acuado no canto.
– Hygor, você não pode deixar isso preso aqui. Vou chamar alguém.
– Ei, ei, calma aí, você não vai a lugar algum.
Eu já me dirigia à porta, mas rapidamente Hygor bloqueia meu caminho. – Acho que vou deixar você aqui, o monstro deve estar com fome – ri, zombeteiro.
Impaciente, tento forçar a saída – Isso é sério, porra, sai da minha frente. – Mas ele é forte e me segura, me empurrando de volta pra trás. – Daqui você não sai, não vai me tirar meu novo animal de estimação.
Na tentativa de me libertar, acabo acertando uma violenta cotovelada na boca de Hygor. Não tinha intenção de agredí-lo com tanta força, mas a ira do momento gerou uma reação desproporcional. Ele coloca a mão sobre o beiço inferior, irrompendo sangue em profusão. – Meu dente. Filho da puta, você quebrou meu dente. Vou te matar.
Deve ter sido alguém importante em vida, talvez um podre de rico. Mas ali, naquele derradeiro dia, naquela garagem-túmulo, era só podre.
Apesar da podridão, o corpo cambaleante não apresentava nenhum sinal de violência ou de ter sofrido qualquer agressão. E embora fosse impossível ter noção precisa de sua idade, não aparentava ser muito velho. De que teria morrido então? Ataque cardíaco? Câncer? Teria mesmo morrido? Sim, claro que morrera. Não poderia apresentar aqueles sinais de putrefação estando vivo. Não podia estar vivo, mas se mexia.
Ainda esticava o braço em minha direção quando Hygor o afastou violentamente com uma pá. Lentamente, recuou, assustado.
– Viu que criatura asquerosa? Está ansiosa por nos atacar e devorar.
Finalmente consegui gaguejar algumas palavras, ainda espantado:
– Hygor, é melhor chamarmos a policia.
– Que mané policia, o próprio governo deve ter criado esses monstros para matar moradores de rua, marginais e desavisados.
Chuta uma lata vazia que acerta a perna do morto-vivo, que se contorce, não sei se por dor ou medo.
– Aberração nojenta – ainda completa, soltando uma cusparada sobre o animal acuado no canto.
– Hygor, você não pode deixar isso preso aqui. Vou chamar alguém.
– Ei, ei, calma aí, você não vai a lugar algum.
Eu já me dirigia à porta, mas rapidamente Hygor bloqueia meu caminho. – Acho que vou deixar você aqui, o monstro deve estar com fome – ri, zombeteiro.
Impaciente, tento forçar a saída – Isso é sério, porra, sai da minha frente. – Mas ele é forte e me segura, me empurrando de volta pra trás. – Daqui você não sai, não vai me tirar meu novo animal de estimação.
Na tentativa de me libertar, acabo acertando uma violenta cotovelada na boca de Hygor. Não tinha intenção de agredí-lo com tanta força, mas a ira do momento gerou uma reação desproporcional. Ele coloca a mão sobre o beiço inferior, irrompendo sangue em profusão. – Meu dente. Filho da puta, você quebrou meu dente. Vou te matar.