Os faróis do Mustang estraçalham a escuridão da Rodovia 724 com sua luz amarela. Os pneus flutuam sobre a estrada e o motor rosna faminto por mais combustão. Atrás do volante temos Sid Kapersbaki; o pé afunda o acelerador, os olhos trafegam entre os retrovisores e o horizonte. O rosto é uma coleção de arranhões. Do canto da boca escorre um filete de sangue, resultado do encontro com Jennifer e seu salto quinze.
Ele pragueja, esmurra o painel. Olha para os retrovisores.
A sequidão na garganta já começa incomodar.
A mão direita salta do volante para a bolsa sobre o banco do carona. Ele a vasculha. Retira o conteúdo.
Encontra um comprimido qualquer. Coloca na boca, lubrifica com cuspe. Guia para a garganta com a língua. A glote convulsiona e a aspereza a domina. O nó desce amargo pelo esôfago.
Agora é só esperar os efeitos. Sejam eles quais forem.
Sid olha para os retrovisores, depois para o milharal que cerca a Rodovia: uma imensidão verde engolida pelas trevas, assim como o velho Mustang.
Outra olhadela nos retrovisores.
O celular toca. Sid o apanha.
“Amor Meu” oscila na tela sobre uma foto de casal. Sid rejeita a chamada e lança o aparelho pela janela. Xinga.
Olha pelo retrovisor outra vez, pensa ter ouvido sirenes.
Lá atrás, dentro do porta-malas, ouve gritos que se tornam sussurros ao disputar com o vento. Kapersbaki olha para os retrovisores, depois para o rádio.
Liga o aparelho.
Vagueia entre estações até ouvir o refrão de “Hells Bells” do AC/DC. Gira o botão do volume ao máximo.
A música ressoa furiosa e abafa os outros sons. Embala a viagem pela Rodovia, chicoteia o interior do Mustang. Sid assobia no ritmo da canção, cantarola, alisa o volante, grita. Mantém os olhos na estrada e nos retrovisores.
O locutor anuncia “Highway to Hell” e chiados interrompem sua voz.
O áudio sai entrecortado.
Sid fixa os olhos nas frequências das estações e tenta sintonizá-las.
O zunido se intensifica.
Os faróis do Mustang estraçalham a escuridão da Rodovia 724 com sua luz amarela. Os pneus flutuam sobre a estrada e o motor rosna faminto por mais combustão. Atrás do volante temos Sid Kapersbaki; o pé afunda o acelerador, os olhos trafegam entre os retrovisores e o horizonte. O rosto é uma coleção de arranhões. Do canto da boca escorre um filete de sangue, resultado do encontro com Jennifer e seu salto quinze.
Ele pragueja, esmurra o painel. Olha para os retrovisores.
A sequidão na garganta já começa incomodar.
A mão direita salta do volante para a bolsa sobre o banco do carona. Ele a vasculha. Retira o conteúdo.
Encontra um comprimido qualquer. Coloca na boca, lubrifica com cuspe. Guia para a garganta com a língua. A glote convulsiona e a aspereza a domina. O nó desce amargo pelo esôfago.
Agora é só esperar os efeitos. Sejam eles quais forem.
Sid olha para os retrovisores, depois para o milharal que cerca a Rodovia: uma imensidão verde engolida pelas trevas, assim como o velho Mustang.
Outra olhadela nos retrovisores.
O celular toca. Sid o apanha.
“Amor Meu” oscila na tela sobre uma foto de casal. Sid rejeita a chamada e lança o aparelho pela janela. Xinga.
Olha pelo retrovisor outra vez, pensa ter ouvido sirenes.
Lá atrás, dentro do porta-malas, ouve gritos que se tornam sussurros ao disputar com o vento. Kapersbaki olha para os retrovisores, depois para o rádio.
Liga o aparelho.
Vagueia entre estações até ouvir o refrão de “Hells Bells” do AC/DC. Gira o botão do volume ao máximo.
A música ressoa furiosa e abafa os outros sons. Embala a viagem pela Rodovia, chicoteia o interior do Mustang. Sid assobia no ritmo da canção, cantarola, alisa o volante, grita. Mantém os olhos na estrada e nos retrovisores.
O locutor anuncia “Highway to Hell” e chiados interrompem sua voz.
O áudio sai entrecortado.
Sid fixa os olhos nas frequências das estações e tenta sintonizá-las.
O zunido se intensifica.