pelo vidro trincado da janela,
vejo o relâmpago rasgar os céus,
finjo que não tremo com o telhado da casa velha,
o som do trovão parece que vai me partir ao meio,
sorrio amarelo para o bebê,
magro e frio em meu colo,
seus olhos fundos pedem tão pouco,
e eu não tenho nada…
rezo para que a tempestade disperse,
antes que a casa se despedace,
e voe pelos ares;
o pavor me faz apertar o bebê,
que reclama baixinho,
meu pobre filhotinho humano,
carne pulsante e ossos salientes…
às vezes desejo que tudo acabe,
pois, só a morte consegue redimir o pecado e a miséria,
mas me pego cheia de esperança quando vejo seu inocente sorriso,
cada vez mais raro e precioso,
me fitando como se eu fosse mais que somente um ser insignificante…
as goteiras se multiplicam,
e o vento entoa a canção dos mortos,
sinto a umidade congelante que sobe do chão lamacento,
fecho os olhos e deixo a exaustão me conduzir para um sono sem sonhos,
lá fora, a tempestade, poética e relaxante para os ricos,
golpeia os pobres, incessantemente,
e a noite escorre com a enxurrada,
ambas parecendo não ter fim…
quando a luz do sol finalmente rompe os rasgos da cortina,
e ilumina a casa,
ouço o choro do bebê,
e sinto seus lábios famintos roçando em minha blusa,
a procura de alimento,
abro lentamente os olhos,
e lhe ofereço os seios murchos…
lágrimas de alívio e agradecimento,
escorrem pelo meu rosto,
a tormenta passou,
fomos poupados,
e a luta diária recomeça,
ganhamos mais um dia de vida…
Mas, será que isso é viver?
pelo vidro trincado da janela,
vejo o relâmpago rasgar os céus,
finjo que não tremo com o telhado da casa velha,
o som do trovão parece que vai me partir ao meio,
sorrio amarelo para o bebê,
magro e frio em meu colo,
seus olhos fundos pedem tão pouco,
e eu não tenho nada…
rezo para que a tempestade disperse,
antes que a casa se despedace,
e voe pelos ares;
o pavor me faz apertar o bebê,
que reclama baixinho,
meu pobre filhotinho humano,
carne pulsante e ossos salientes…
às vezes desejo que tudo acabe,
pois, só a morte consegue redimir o pecado e a miséria,
mas me pego cheia de esperança quando vejo seu inocente sorriso,
cada vez mais raro e precioso,
me fitando como se eu fosse mais que somente um ser insignificante…
as goteiras se multiplicam,
e o vento entoa a canção dos mortos,
sinto a umidade congelante que sobe do chão lamacento,
fecho os olhos e deixo a exaustão me conduzir para um sono sem sonhos,
lá fora, a tempestade, poética e relaxante para os ricos,
golpeia os pobres, incessantemente,
e a noite escorre com a enxurrada,
ambas parecendo não ter fim…
quando a luz do sol finalmente rompe os rasgos da cortina,
e ilumina a casa,
ouço o choro do bebê,
e sinto seus lábios famintos roçando em minha blusa,
a procura de alimento,
abro lentamente os olhos,
e lhe ofereço os seios murchos…
lágrimas de alívio e agradecimento,
escorrem pelo meu rosto,
a tormenta passou,
fomos poupados,
e a luta diária recomeça,
ganhamos mais um dia de vida…
Mas, será que isso é viver?